Assis Valente, O Pivô do Samba
Traçar a trajetória de José de Assis Valente não é tarefa fácil. Sua biografia é cercada por incertezas e imprecisões, sobretudo quando se trata do ano e local do seu nascimento. Em entrevista concedida em 1945 , Assis afirmou que nasceu em 1908, no Campo da Pólvora, em Salvador. Entretanto, em outros momentos ele dizia ter nascido ora em Santo Amaro da Purificação, no distrito de Patioba, ora em Vila-Lobos da Rainha. Sobre o ano do seu nascimento encontram-se as datas de 1909 e 1911. A certeza que temos é a de que o menino Assis tornou-se valente desde muito cedo. Separado dos seus pais, foi entregue aos cuidados de uma família que o tratava como empregado, mas que em contrapartida o obrigava a seguir com os estudos. A família mudou-se para Salvador e, a partir deste momento, sua trajetória seguiu diferentes rumos (inclusive pelo Sertão baiano): estudou desenho e escultura no Liceu de Artes e Ofício, foi limpador de frascos no Hospital Santa Izabel, trabalhou na farmácia do Hospital Municipal em Senhor do Bonfim, engajou-se no Circo Brasileiro e, em 1922, ingressou em um curso de prótese dentária.
Em 1927, a “angulosidade mulata” de Assis chega ao Rio de Janeiro, reduto do samba e das “classes perigosas” que habitavam as favelas dos morros da capital federal. Conciliando o gabinete de protético, que inclusive foi o primeiro do gênero em toda a América Latina, com a carreira de compositor, em 1932 seu primeiro sucesso, “Tem Francesa no Morro”, despontou na voz de Aracy Cortes. Logo em seguida, Carmen Miranda gravou “Etc” e Good Bye, Boy”. Com a Pequena Notável a relação foi a do eterno jogo do amor e da mágoa. Ao que parece, Assis nutriu pela cantora um amor platônico que foi fortemente abalado quando esta recusou “Brasil Pandeiro”, composição de 1940, e que na década de 1970 foi revisitada pelos Novos Baianos. Suas composições ecoaram nas vozes de grandes nomes da música das décadas de 1930 e 1940, como Moreira da Silva, Carlos Galhardo, Francisco Alves, Aurora Miranda, Aracy de Almeida e outros. Assis também é o responsável por inaugurar o gênero natalino no Brasil com a marchinha “Boas Festas”, de 1932 . Sucesso à época e imortalizada na posteridade, a composição com seus versos bonitos e expressivos conta a história de uma criança pobre que pede ao Papai Noel a felicidade de presente de Natal.
Assis Valente, Josué de Barros e Dorival Caymmi
( Revista da Semana - 1950
Em 1956, Assis Valente recebeu do Departamento de Turismo da Prefeitura do Rio de Janeiro um belo presente de festas: o reconhecimento oficial de sua já consagrada marcha “Boas Festas”. A música é transformada no hino de Natal brasileiro. Para essa e outras informações, confira: Sueli Borges. Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor: samba e brasilidade em Assis Valente. Salvador: Pinaúna, 2012, p.122.
Fonte: http://www.bvconsueloponde.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=158
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