segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Reaberta a biblioteca mais antiga do mundo

A biblioteca de Al Qarawiyyin foi fundada na cidade marroquina de Fez, em 859, por Fátima El Fihriya, e contém manuscritos do século 12.



As velhas estradinhas da almedina de Fez guardam um tesouro que poucos conhecem: a biblioteca de Al Qarawiyyin. Não só a mais antiga da África, mas, ao parecer da Unesco, é também a instituição de ensino mais antiga do mundo. Séculos de história, recolhidos em manuscritos originários do século 12, conservados em um edifício que, por si só, representa a voz e o testemunho de um passado, de uma história, de uma época de ouro que desafia a atualidade dos filhos atuais daquele mundo. Um desafio ainda mais surpreendente quando se descobre que foi uma mulher, Fátima El Fihriya, que fundou aquela instituição de vanguarda em 859.
Al Qarawiyyin não foi apenas uma biblioteca, mas também uma mesquita e uma universidade. Um ponto de referência muito importante não só da cultura daquela região, mas também uma ponte entre muçulmanos e europeus. E Fátima nos permite entender quanto foi importante o papel das mulheres na civilização muçulmana. Entre os muros da sua instituição se formaram e cresceram jovens que, posteriormente se tornaram pilares desta civilização, como o poeta místico e filósofo Ibn Al-Arabi e o economista Ibn Khaldun.
Esta história extraordinária estava prestes a desaparecer, destruída para sempre, vítima do pó e da negligência. A boa notícia é que as portas da biblioteca Al Qarawiyyin, depois de muitos anos, reabriram-se ao público. Foi concluído, recentemente, o trabalho de restauração, iniciado em 2012 por iniciativa do Ministério da Cultura marroquino, que confiou a outra mulher, a arquiteta Aziza Chaouni, a tarefa de devolver ao seu primitivo esplendor este lugar fundamental pela história da África do Norte.
Assim, os visitantes poderão novamente, percorrendo as estradinhas misteriosas da almedina velha de Fez, transpor a porta e os arcos, extasiar-se com a visão dos zelliges (retábulos de cerâmica em ladrilhos de terracota, com pequenas placas esmaltadas, coladas em gesso e dispostas de forma geométrica) coloridos, dos mosaicos restaurados, das fontes completamente restruturadas, admirar o jardim florido do pátio central, voltar a um glorioso passado. A uma biblioteca que, finalmente, traz à luz os seus manuscritos únicos, o verdadeiro tesouro de uma cidade que foi declarada patrimônio da humanidade pela Unesco.



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